A frustração é uma emoção natural que surge quando as coisas não saem como esperado, pois a vida está repleta de desafios e obstáculos que testam nossa capacidade de lidar com situações adversas.
No entanto, quando o único caminho que encontramos é desistir e, principalmente, quando esse comportamento se torna um hábito é importante analisarmos as causas que nos levam a essa desistência.
Algumas pessoas apresentam baixa resistência à frustração e isso pode se tornar um obstáculo significativo, impactando não apenas o bem-estar emocional, mas também o sucesso e o funcionamento adequado no dia a dia.
Nesse artigo vamos apresentar informações para compreender melhor o que é a baixa resistência a frustração, suas origens, suas consequências na vida cotidiana, além dos comportamentos mais comuns das pessoas que a tem, bem como estratégias de como lidar com a frustração.
Sumário do Conteúdo
Compreendendo a Baixa Resistência à Frustração
A baixa resistência à frustração refere-se à dificuldade que algumas pessoas têm em tolerar contratempos, desapontamentos ou situações que fogem do controle.
É uma incapacidade de lidar de maneira adaptativa com a adversidade, levando a reações intensas e muitas vezes desproporcionais diante de obstáculos ou dificuldades.
É comum essas pessoas desistirem diante dos obstáculos para não lidar com a angústia que a frustração proporciona e dessa maneira, passam a alimentar um padrão de desistência como uma ilusão de que estão se protegendo dessa angústia.
Outras manifestações comuns incluem explosões de raiva, desânimo, procrastinação, autoestima prejudicada, comportamentos de evitação e até mesmo o abandono de projetos.
A baixa resistência à frustração pode ter origens diversas, desde superproteção na infância, experiências passadas traumáticas até a influência de fatores ambientais.
De acordo com Donald Winnicott, a capacidade de suportar frustrações de forma moderada é um dos elementos fundamentais para o crescimento saudável e para o amadurecimento psíquico da criança, permitindo que ela desenvolva uma base sólida para lidar com as demandas da vida adulta.
Consequências na Vida Cotidiana
As consequências da baixa resistência à frustração são amplamente perceptíveis em vários aspectos da vida cotidiana.
Nos relacionamentos interpessoais, indivíduos com baixa tolerância à frustração podem ter dificuldades em lidar com discordâncias ou situações de conflito, resultando em problemas de comunicação e até mesmo em rompimentos de relacionamentos.
No ambiente profissional ou acadêmico, a baixa resistência à frustração pode afetar a produtividade e a capacidade de enfrentar desafios complexos. O medo do fracasso ou a sensação de não ser capaz de lidar com contratempos pode levar à procrastinação e ao abandono de metas ou projetos importantes.
Pessoas com baixa resistência à frustração frequentemente demonstram uma série de comportamentos que refletem sua dificuldade em lidar com contratempos, como já foi mencionado. Alguns dos comportamentos mais comuns incluem:
- Raiva Explosiva: Essas pessoas tendem a explodir com facilidade diante de contratempos, manifestando raiva intensa, gritos, gestos bruscos ou comportamentos agressivos.
- Desistência ou Procrastinação: Em face de obstáculos, indivíduos com baixa tolerância à frustração podem desistir facilmente de suas metas ou adiar constantemente suas tarefas, evitando lidar com o que os incomoda.
- Auto-depreciação: Podem ser muito críticos consigo mesmos, manifestando um discurso interno negativo, diminuindo suas próprias capacidades e se culpando por tudo que não ocorre como planejado.
- Comportamento de Evitação: Evitam situações ou desafios que possam gerar frustração, preferindo fugir ou se afastar de qualquer coisa que represente dificuldade ou desconforto.
- Sensibilidade Excessiva: Tendem a se magoar facilmente ou a ficar chateados com pequenos contratempos, levando a reações emocionais desproporcionais.
- Pessimismo Constante: São propensos a ter uma visão negativa das coisas, esperando o pior em situações desafiadoras e antecipando o fracasso.
- Dificuldade em Aceitar Críticas: Têm dificuldade em lidar com críticas construtivas, interpretando-as como ataques pessoais e reagindo defensivamente.
- Impulsividade: Em alguns casos, podem tomar decisões impulsivas quando confrontados com situações frustrantes, sem considerar completamente as consequências.
Estes comportamentos podem variar de intensidade e são influenciados por diversos fatores, mas são comuns em pessoas que enfrentam dificuldades em tolerar e superar frustrações cotidianas.
É importante ressaltar que, muitas vezes, essas pessoas evitam se interessar por desafios ou objetivos pelo simples medo de falhar ou precisar desistir.
Criar consciência acerca desses comportamentos pode ser o primeiro passo para desenvolver estratégias de como lidar com a frustração de forma mais saudável e suas consequências.
Impacto da Baixa Resistência à Frustração na Saúde Mental
A persistência da baixa resistência à frustração pode ter um impacto significativo na saúde mental. Pessoas que não conseguem encontrar maneiras de como lidar com a frustração de forma saudável estão mais suscetíveis a desenvolver ansiedade, estresse crônico, depressão e outros problemas de saúde mental.
Algumas pessoas podem iniciar um ciclo destrutivo de altas expectativas, buscando se apegar a algo que as conforte, seguido por constantes decepções com tendência a autodepreciação, como já mencionado anteriormente, e reafirmação da dificuldade em tolerar contratempos.
O ciclo de frustração constante pode afetar o bem-estar emocional e levar a um estado de desmotivação e pessimismo, prejudicando a qualidade de vida geral.
Estratégias de Como Lidar com a Frustração
Desenvolver uma maior resistência à frustração é possível com esforço e prática. Algumas estratégias incluem:
1. Autoconhecimento e Autocontrole:
Identificar os próprios gatilhos de frustração e aprender a controlar as emoções diante dessas situações é essencial. Técnicas de respiração consciente, meditação e mindfulness podem ajudar a cultivar o autocontrole emocional.
2. Mudança de Perspectiva:
Reavaliar as situações adversas e adotar uma perspectiva mais construtiva e realista pode ajudar a reduzir a intensidade da frustração. Aprendendo com os erros e vendo os obstáculos como oportunidades de crescimento, é possível transformar a forma de lidar com eles.
3. Comemoração de pequenas atitudes:
Como é comum para essas pessoas serem auto-depreciativas, é extremamente importante comemorar pequenos feitos a fim de exercitar o reconhecimento de suas realizações. Desenvolver satisfação consigo é uma atitude que pode ser construída e alimentada dia a dia.
4. Resiliência e Adaptação:
Desenvolver resiliência emocional e flexibilidade mental é fundamental. Encarar os desafios como parte do processo de aprendizagem e estar disposto a se adaptar a diferentes situações pode fortalecer a capacidade de como lidar com a frustração.
5. Administrar as Expectativas:
Não gerar expectativas pode ser bastante trabalhoso para alguns, mas o fato é que quanto menor expectativa você alimentar com relação a situações e principalmente pessoas, menor será o seu nível de frustração.
É necessário avaliar onde “depositar suas fichas” para não esperar demais dos outros ou de situações que, talvez, irão agregar pouco ou coisa alguma em sua vida.
Conclusão
A baixa resistência à frustração é um desafio que muitas pessoas enfrentam em suas vidas. No entanto, é possível superar essa dificuldade por meio do desenvolvimento de habilidades emocionais e estratégias de enfrentamento.
É importante buscar apoio de profissionais de saúde mental quando necessário e adotar uma abordagem gradual para fortalecer a tolerância à frustração.
Mudar a perspectiva, desenvolver satisfação consigo próprio e principalmente escolher onde você quer depositar sua energia para não gerar expectativa desnecessária, é fundamental para compreender que situações podem sair do seu controle e você pode lidar com isso cultivando a flexibilidade mental.
Desenvolver uma maior capacidade de lidar com contratempos não apenas melhora o bem-estar emocional, mas também contribui para uma vida mais equilibrada e bem-sucedida, uma vez que valida e fortalece a capacidade individual de enfrentamento, permitindo encarar os desafios da vida de forma mais tranquila e resiliente.
Referência:
Winnicott, D. W. – A Criança e o Seu Mundo, Editora LTC – Livros Técnicos e Científicos, 2021.
Sobre o Autor
Edneusa Santos é Psicóloga, Hipnoterapeuta e Especialista em Desenvolvimento Pessoal. Atuou por 23 anos na área de Gestão de Pessoas. Atualmente se dedica ao atendimento clínico e ministra treinamentos na área de inteligência emocional.
Fonte Imagem: Foto Canva
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